Questão de Geografia – Fuvest 2011 – Ventos alísios

Os ventos alísios fazem parte da circulação atmosférica global, soprando das zonas tropicais, de alta pressão, para a zona equatorial, de baixa pressão, sendo responsáveis, por exemplo, pelo transporte de umidade oceânica para o nordeste brasileiro. Esse tipo de vento aparece no poema de João Cabral de Melo Neto “A escola das facas”, publicado em 1980 no livro de mesmo nome, a seguir.

O alísio ao chegar ao Nordeste
baixa em coqueirais, canaviais;
cursando as folhas laminadas,
se afia em peixeiras, punhais.
Por isso, sobrevoada a Mata,
suas mãos, antes fêmeas, redondas,
ganham a fome e o dente da faca
com que sobrevoa outras zonas.
O coqueiro e a cana lhe ensinam,
sem pedra-mó, mas faca a faca
como voar o Agreste e o Sertão:
mão cortante e desembainhada.

a) Existe relação entre o que ocorre com o “alísio”, ao chegar ao Nordeste, e a palavra “escola”, presente no título do poema de João Cabral de Melo Neto? Explique.
b) A umidade do ar, trazida pelos ventos alísios, diminui ao entrar no continente. Descreva e explique duas adaptações evolutivas, relacionadas a esse fato, que diferenciam a vegetação da Zona da Mata da vegetação do Sertão.

a) Comentário de Língua Portuguesa. De acordo com o enunciado, o alísio sopra das zonas tropicais, de alta pressão, para a zona equatorial, de baixa pressão, e transporta a umidade oceânica para o nordeste. Ou seja, a baixa pressão atrai a umidade. Do mesmo modo, a baixa quantidade de mão de obra dessa região atrai o trabalhador do Agreste e do Sertão. Assim como o alísio transita pela região levando a umidade, os trabalhadores espalham-se pela região cortando a cana e colhendo o coco: é a “escola” das facas. O trecho que melhor explicita essa relação é: “O coqueiro e a cana lhe ensinam, / sem pedra-mó, mas faca a faca / como voar o Agreste e o Sertão: / mão cortante e desembainhada”.
b) Comentário de Geografia. Ao entrar pelo interior do território, os ventos alísios perdem umidade no contato com as unidades de relevo como a Chapada da Borborema. Nas áreas onde ocorre este contato formam-se chuvas orográficas que permitem a existência da Zona da Mata, recoberta por floresta tropical. O ar atravessa o relevo e chega ao Sertão com baixa umidade, ajudando na formação de espécies vegetais xerófitas, cactáceas, muito adaptadas à falta ou pouca água.
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