Monark: Fala sobre Nazismo fere, revolta e traz prejuízo ao Flow Podcast

No episódio #545 do Flow Podcast (que foi retirado do ar), o apresentador Bruno Aiub, mais conhecido entre os gamers como Monark, utilizou mais uma vez de sua “Liberdade de Expressão” para defender, juntamente com o Deputado Federal, Kim Kataguiri (DEM), o fato de que pessoas nazistas deveriam ter o direito de fundar um partido político no Brasil:

“Nazista tinha que ter o partido nazista, reconhecido pela lei. As pessoas não têm o direito de serem idiotas? ”, discorre Monark durante o programa.

Já Kim, entra na discussão e diz que, para rechaçar o nazismo, seria importante dar luz ao mesmo:

“Qual é a melhor maneira de impedir que um discurso mate pessoas e que um grupo étnico racial morra? É criminalizar? Ou é deixar que a sociedade tenha uma rejeição social?”, disse o congressista.

Após um comentário da Deputada Tabata Amaral (PSB) defendendo os judeus, argumentando que a existência de um Partido Nazista no país colocaria em risco a existência dos judeus, Monark dispara:

“Dentro da expressão, eu acho que a gente tem de liberar tudo. Se o cara quiser ser um antijudeu, eu acho que ele tinha direito de ser”.

A fala de Monark, defendendo a liberdade individual e coletiva, esbarra numa conjuntura histórica sem precedentes, neste caso, o nazismo. Não é preciso ser um nerd em Geografia e História para saber que o Nazismo, liderado por Adolf Hitler pregava o controle da população por meio de propaganda nos rádios e nos cinemas.

Essas propagandas defendiam o antissemitismo, ou seja, um ódio aos judeus, a quem Hitler atribuía a culpa por vários problemas que a Alemanha enfrentava. Esse fato perfez o Holocausto, que provocou a morte de mais de seis milhões de pessoas em campos de concentração.

Uma fala dessas faz menção a um passado que fere e revolta não só a comunidade judaica, mas também o mundo. Pensar em Nazismo, é resgatar um pensamento racista (quem vos escreve é negro), preconceituoso e irracional, e o pior: é algo muito famigerado no nosso Brasil.

Portanto, nada contribui com a esperança de dias melhores nestas terras tupiniquins. Infelizmente, estamos diante de um desserviço, que aflora o ódio e escancara ainda mais os problemas da sociedade.

Consequências da fala de Monark

Em nota, o Estúdios Flow, conglomerado de podcasts que gere o Flow Podcast, disse lamentar o ocorrido e que desligou Monark da empresa (detalhe: o próprio Monark era sócio-fundador da empresa). “Reforçamos o nosso comprometimento com a Democracia e Direitos Humanos, portanto, o episódio 545 foi tirado do ar”, diz a nota.

O Flow Sport Club, podcast de futebol que pertence aos Estúdios Flow, perdeu os direitos de transmissão do Campeonato Carioca 2022. Em nota, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (ferj) criticou a fala de Monark e diz que preza pela vida.

Ainda sobre o podcast, o narrador Octavio Neto, em suas redes sociais, anunciou que rescindiu o contrato com a empresa. Gustavo Sanches, mais conhecido como Davy Jones e um dos apresentadores do Flow Sport Club, publicou um vídeo afirmado que deixará a empresa, caso Monark não seja demitido.

Empresas como Fatal Model, Insider e Flash também rescindiram contratos de patrocínio.

O coletivo Judeus e Judias pela Democracia São Paulo, segundo a BBC Brasil, entrou com um pedido para que a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), o Ministério Público Estadual de São Paulo (MPSP) e a Procuradoria-Geral da República investiguem se Monark, cometeu crimes de apologia ao nazismo, incitação à violência, injúria racial e intolerância religiosa.

Depois disso, cabe algumas perguntas para reflexão:

– Qual o limite da liberdade de expressão?

– É possível discutir temas tão sensíveis de maneira despreparada e sem argumentos sólidos?

– Há uma banalização da história e seus embates ideológicos que fazem mal a sociedade até hoje?

– E por fim, é possível construir um país mais justo, empático e em união com esses discursos?

Pense nisso!