Questão de Geografia – A doutrina Bush
- FGV
- 2009
- Dissertativa
Após os ataques de 11 de setembro, os Estados Unidos adotaram em sua política externa uma estratégia unilateral para consolidarem sua supremacia político-militar, a qual ficou conhecida como “Doutrina Bush”.
a) Explique os princípios gerais defendidos pela “Doutrina Bush”.
b) Qual objetivo geopolítico estadunidense a charge ironiza? Justifique sua resposta.
c) Quais interesses econômicos justificaram ações estadunidenses como o ataque ao Afeganistão e a ocupação do Iraque?
a) Sob o pretexto de liderar uma luta sem tréguas ao terrorismo, em âmbito internacional, a “Doutrina Bush” impulsionou e justificou a postura intervencionista da política externa dos Estados Unidos. Inicialmente as ações mais incisivas dirigiram-se contra o governo do Talibã, do Afeganistão e contra o regime autoritário de Saddam Hussein, no Iraque, logo, essas se estenderam a outros países que não necessariamente opunham-se a Washington, como a Coréia do Norte e o Irã, mas entre aqueles que não se submetiam aos interesses estadunidenses mais imediatos, caso da Venezuela, Zimbábue e Sérvia. A partir da defesa do mundo contra o terrorismo os Estados Unidos afirmaram seus interesses econômicos ante a ascensão da China, a consolidação da Europa Unificada e uma tentativa de retomada do Japão, assim como, emergência de alguns países industria lizados do Sul, expandiram sua dominação cultural e redesenharam um novo cenário de dominação político-militar em áreas hostis.
b) A charge ironiza a ação dos Estados Unidos no mundo islâmico – Afeganistão e Iraque – modificada pela luta contra o terrorismo e a que se constituiu numa ação de violência extrema, que violou direitos internacionais, provocou a morte de civis, além de desencadear uma reação, uma resistência a essa intervenção que tornou essas regiões ainda mais instáveis. A ironia está no argumento americano de que “o mundo mudou depois de 11 de setembro”. Antes dos atentados em setembro de 2001, os Estados Unidos se constituíram o maior poder econômico, cultural e militar, e isso, a despeito dos investimentos que o país estabeleceu, nos últimos anos, não sofreu alteração significativa nos últimos anos. O mundo, na verdade, não mudou, pois continua-se a assistir a supremacia dos Estados Unidos nos âmbitos econômicos, culturais e militares. Apesar do país não conseguir, com eficiência, solucionar crises nessas áreas, muitas vezes geradas pela insatisfação que essa dominação traz a diferentes culturas e formas de organização política e social.
c) Vistas em seu conjunto as ações estadunidenses no Afeganistão, a partir de 2001, e no Iraque, a partir de 2003, visavam assegurar a estabilidade política e por extensão econômica, regional e ampliar a influência de Washington sobre a região. O argumento inicial da ação no Afeganistão foi o combate ao governo do Talibã que estava por trás dos atentados de 11 de setembro de 2001. Contra o Iraque, mais propriamente com o regime autoritário de Saddam Hussein, foi a alegação que o país detinha e desenvolvia armas de destruição em massa. A justificativa, de Washington para intervir no Afeganistão e no Iraque, camuflaram o real interesse que era o de ampliar a influência do país sobre a região que encerra as maiores reservas de petróleo do planeta, e que tem os Estados Unidos como os maiores importadores mundiais.
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