O rio Nilo, depois de muitas brigas com o rio Amazonas, consagrou-se como o maior rio do mundo, com mais de 6000 km. Sua nascente se encontra ao sul da linha do Equador e deságua no mar Mediterrâneo, no hemisfério Norte. Este rio é formado pela confluência de três outros rios: o Nilo Azul, o Nilo Branco e o rio Atbara.
A Etiópia, onde nasce o Nilo Azul, é um país com pouco mais de 100 milhões de habitantes e possui um dos piores IDHs do mundo (0,470 – baixo). Do total dessa população, apenas 43% tem acesso a energia elétrica, que se concentra nas áreas urbanas, onde vive a menor parte da população, apenas 20%.
A construção da Grande Represa da Renascença Etíope
Pensando no crescimento econômico do país, a Etiópia iniciou em 2011 a construção da Grande Represa da Renascença Etíope (DRGE), barrando as águas do Nilo Azul para a produção de energia. Este megaprojeto já é motivo de orgulho nacional.
A represa já está 70% concluída e nas últimas semanas, começou a ser enchida. Com previsão de sua conclusão para 2023, a represa será a maior do continente africano e uma das maiores do mundo, custando um total de mais de US$5 bilhões. Com a represa, além de produzir energia para o uso doméstico e industrial do país, a Etiópia pretende exportar energia elétrica aos países vizinhos.
Acontece que o Nilo Azul fornece 86% das águas do rio Nilo, que tem como países a jusante, ou seja, no sentido da correnteza, o Sudão e o Egito, países que dependem profundamente do Nilo para o abastecimento de água e para as atividades agrícolas. Estes países temem que o enchimento da barragem irá provocar uma redução na quantidade de água disponível para eles.
O Egito conta com uma população de mais de 100 milhões de habitantes, com um constante crescimento populacional. Além da preocupação com a agricultura, há o temor de que a liberação das águas da barragem poderia acabar com 70% da população egípcia.
Nenhuma negociação entre os três países até o momento surtiu grandes efeitos. O Egito anunciou que pode recorrer ao Conselho de Segurança da ONU, porém a Etiópia afirma que este país recorre a acordos definidos no período colonial, junto ao Reino Unido, onde dizia que o governo de Cairo, capital do Egito, poderia vetar a construção de barragens fora de seu território.