Filme “O Abismo” da Netflix e o desastre em Maceió
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Você já ouviu falar em desindustrialização? Com a ajuda de gráficos do site The Observatory of Economic Complexity, procuro demonstrar este processo que o Brasil vivencia desde a da década de 1990, com a introdução de governos neoliberais que buscaram inserir o Brasil no mercado global, através da abertura de mercado e da especialização na produção e exportação de produtos primários.
Os gráficos são interativos, basta passar o mouse ou clicar em cima de cada produto para ver informações. Além disso, é possível agrupar os produtos em diferentes categorias, clicando nos botões SITC2 ou SITC4. Clicando no ícone de cada produto, você pode isolá-lo para ver mais detalhes ou esconder suas informações. Os gráficos são de proporcionalidade, onde o tamanho da área de determinado produto equivale a sua participação no total.
Apesar do Brasil ter se industrializado a partir da década de 1930, no governo Getúlio Vargas, devido ao pós-Primeira Guerra e a crise de 1929 que provocaram impactos nas importações e na produção de café, o país ainda em 1960 era dependente da exportação desse gênero agrícola, que ocupava metade da nossa pauta, que garantia recursos para a política de “substituição de importações”.
Os militares assuem o poder em 1964 por meio de um golpe e destituem o presidente João Goulart, passando a adotar políticas de austeridade (controle de gastos) e controle inflacionário, estrangulando as indústrias brasileiras, que sem conseguir competir com as multinacionais, faliram ou foram vendidas ao capital estrangeiro.
O parque industrial brasileiro aos poucos foi sendo substituído por indústrias estrangeiras, que apesar de parecerem modernas para o Brasil, eram obsoletas em seus países de origem. Essas indústrias implementaram uma produção de bens de consumo em larga escala, para atender principalmente ao mercado interno, que apesar de não serem acessíveis a todos, contribuíam para a propaganda do “Milagre Econômico” (época de elevado crescimento econômico da ditadura militar).
Na década de 1980, podemos observar uma maior participação dos produtos manufaturados, que para serem produzidos no país, demandaram elevados investimentos em infra-estrutura, sendo realizados às custas do endividamento externo, que juntamente com as crises do petróleo na década anterior, estagnou o crescimento econômico levando este período a ser conhecido como a “Década Perdida”.
Na década de 1990, as medidas neoliberais implementadas por Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso foram colocadas em prática para tentar recuperar a economia da década anterior, além de promover uma maior inserção do Brasil no mercado globalizado da nova ordem mundial.
Esses governos levaram adiante uma abertura econômica com o fim de barreiras alfandegárias, ocorrendo uma desnacionalização das indústrias privadas e a privatização das estatais, entregues ao mercado estrangeiro, com o fechamento de milhões de postos de trabalho. Aliado a isso, os governos neoliberais passam a cortar investimentos em áreas sociais, que agravaram os problemas socioeconômicos do país.
No início do século XXI, no governo de Luis Inácio Lula da Silva, há tendência de reorientação das exportações brasileiras, priorizando a exportação de commodities (produtos primários ou semi-elaborados, minerais e agrícolas com preço cotado nos mercados internacionais).
A partir de então, ocorre uma reprimarização da economia, ou seja, os produtos industrializados passam a ter menor participação na pauta de exportações brasileira, cedendo espaço para os produtos primários, que reconfiguram todo o território brasileiro. Essa reconfiguração, especializa certas regiões na produção mineral e agrícola, contando com a ajuda do Estado para investir na construção de infraestruturas essenciais para a exportação dessas commodities, além do apoio na flexibilização da legislação ambiental.
O estreitamento de relações com países emergentes, principalmente com a China, fez com que este país se tornasse o principal receptor das commodities brasileiras, enquanto que o Brasil se tornou o destino de produtos industrializados chineses, que com um baixo custo de produção, chegam ao país dificultando qualquer tipo de concorrência, agravando ainda mais esse processo de desindustrialização.
Essa lógica impõe ao Brasil um cenário de aumento da dependência econômica, que remete muitas vezes ao período colonial, colocando o Brasil como um fornecedor de matérias primas e receptor de produtos industrializados. Além disso, há um agravamento nas diferenças regionais e o consequente aumento das desigualdades sociais.
FREDERICO, S. Imperativo das exportações e especialização agrícola do território brasileiro: das regiões competitivas à necessidade de regiões cooperativas. Disponível em: https://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/ageteo/article/view/7726
GERAB, Willian Jorge; ROSSI, Waldemar. Indústria e trabalho no Brasil: limites e desafios. São Paulo: Atual Editora, 1997.
The Observatory Economic Complexity. Disponível em: https://oec.world/en/visualize/tree_map/sitc/export/bra/all/show/2017/
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