É comum no dia 31 de dezembro durante os preparativos do Reveillon as emissoras de televisão transmitirem imagens da virada de ano acontecendo em outros países, enquanto que aqui no Brasil, ainda faltam algumas horas para a meia noite. Este fato se deve as diferenças de fusos horários entre os países.

Mas será que é possível celebrar o Reveillon em um país, e como em uma máquina do tempo, voltar para o dia 31 e comemorar uma nova virada de ano, apenas percorrendo alguns fusos horários?

Afinal, o que são os fusos horários?

Primeiro, vamos entender o que são os fusos horários. Diferentemente do que muitos pensam, os fusos não são apenas faixas longitudinais espalhadas pelo mundo. Eles são determinados levando-se em consideração fronteiras históricas e políticas, sendo definidos como as horas em relação ao Tempo Universal Coordenado (UTC), que corresponde ao horário de Londres no Reino Unido (desconsiderando o horário de verão) onde se encontra o Observatório Real de Greenwich. O Brasil está no fuso horário UTC-3, ou seja, o horário de Londres menos 3 horas.

A misteriosa Linha Internacional de Data (LID)

A separação de dois dias consecutivos no calendário acontece na chamada Linha Internacional de Data (LID), que consiste em uma linha imaginária situada no Oceano Pacífico, a cerca de 180º a leste e oeste do Meridiano de Greenwich, ou seja, 12 horas adiantados e atrasados em relação a Londres, por se tratar do antimeridiano (as costas de Greenwich).

Esta linha estabelece o início de um dia e ao cruzá-la, há uma mudança de data. Subtrai-se um dia caso esta linha seja cruzada do Hemisfério Oriental (leste) para o Hemisfério Ocidental (oeste), e acrescenta-se um dia no sentido inverso. Em outras palavras, a “esquerda” desta linha (Hemisfério Oriental) está sempre um dia a frente do lado direito (Hemisfério Ocidental).

Isso ocorre pois ao cruzar esta linha por exemplo do Hemisfério Ocidental para o Oriental, seria como se fossem percorridos no sentido de rotação da Terra (oeste-leste), 12 fusos no Hemisfério Ocidental mais 12 fusos no Hemisfério Oriental, ou seja, 24 fusos e portanto 24 horas e consequentemente 1 dia a mais! No inverso, do Hemisfério Oriental para o Ocidental, ao percorrer 24 fusos no sentido contrário ao de rotação da Terra (sentido oeste), subtrai-se 24 horas e portanto, tem-se 1 dia a menos.

A LID serpenteia o Pacífico por conta da confusão que seria causada para algumas ilhas, como no caso de Samoa, um dos últimos territórios a fechar o dia. Caso a linha fosse “reta”, haveria diferença de dias no país, provocando grandes problemas. Inclusive, Samoa chegou a passar para o lado oriental para facilitar acordos comerciais com a China, Austrália e Nova Zelândia. Veja neste artigo o caso das Ilhas Diomedes.

Linha Internacional de Data.

Esta linha foi adotada por conveniência, já que ocorria uma grande confusão com viajantes que faziam a circunavegação da Terra, como foi o caso de Fernão de Magalhães, o primeiro a realizar uma viagem do tipo. Esta viagem ao Ocidente contou com um preciso registro dos dias de ausência, porém, ao retornarem para casa, descobriram estar um dia mais tarde do que pensavam, o que causou uma grande confusão, pois a princípio achavam que era possível voltar no tempo. Até mesmo uma delegação do Vaticano foi designada para verificar o ocorrido e assim o motivo passou a ser compreendido.

O livro “Volta ao Mundo em 80 Dias” de Júlio Verne publicado em 1872 trouxe o assunto da circunavegação do globo e da Linha Internacional de Data novamente a tona. Com o avanço tecnológico vivenciado pela Revolução Industrial as distâncias se “encurtaram” através da expansão de linhas férreas e dos barcos a vapor, permitindo aos viajantes contornar o mundo em tempo recorde.

O protagonista da história é o lorde inglês Phileas Fogg, que aposta 20 mil libras esterlinas prometendo a seus amigos do mítico Reform Club, em Londres, dar a volta na Terra retornando a este local em 80 dias. Fogg no entanto acredita ter perdido a aposta por ter chegado a Londres após o prazo estipulado. Mas seu companheiro de viagem Passepartout descobre que estão um dia adiantados. A razão disso é que eles viajaram no sentido oeste-leste e ao cruzar a Linha Internacional de Mudança de Data, em algum ponto do Pacífico, recuaram 24 horas no calendário.

E então, eu consigo ou não comemorar o ano novo duas vezes?

A resposta é SIM! Você consegue! É possível passar a virada de ano em um lugar no Hemisfério Oriental e cruzando a Linha Internacional de Data para o Hemisfério Ocidental, retroceder de 1º de janeiro para 31 de dezembro novamente!

Celebre a virada de ano em Sydney na Austrália e sem exagerar na comemoração, pegue um avião no dia 1º de janeiro de manhã para Rarotonga nas Ilhas Cook em uma viagem com duração de quase 9 horas com escala em Auckland na Nova Zelândia, chegando dia 31 de dezembro, bem a tempo de celebrar novamente o ano novo!

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