Filme “O Abismo” da Netflix e o desastre em Maceió
A história do filme “O Abismo” “O Abismo” é um filme sueco disponível na Netflix, inspirado na história ocorrida na
O documentário da Netflix indicado ao Oscar “Winter on Fire: Ukraine’s Fight for Freedom“, apresenta aos seus espectadores cidadãos ucranianos resistindo ao frio e a violência policial contra o governo de Víktor Yanukóvytch, que contava com apoio do presidente da Rússia Vladimir Putin. Até aí parece que não há nada de errado não é mesmo?
O grande problema é que o documentário Winter on Fire omitiu alguns dos personagens controversos porém fundamentais na derrubada de Yanukóvytch: os neonazistas e os representantes dos Estados Unidos.
Para entender melhor sobre a invasão russa na Ucrânia, é imprescindível compreender todos os fatos da relação entre Rússia e Ucrânia desde as manifestações conhecidas como Euromaidan, iniciadas em 2013.
O Euromaidan foi uma onda de protestos que ocorreu no inverno do final de 2013 e início de 2014 na Praça da Independência em Kiev, capital da Ucrânia.
Os manifestantes foram as ruas da Ucrânia exigir a saída do então presidente Víktor Yanukóvytch, que havia sinalizado aos seus eleitores uma aproximação com a União Europeia, mas mudou de ideia virando as costas ao ocidente e estreitando ainda mais os laços com a Rússia de Vladimir Putin.
A chegada de Yanukóvytch ao poder foi conturbada, principalmente pela grande divisão que ocorre na Ucrânia, entre os russos étnicos a leste e os ucranianos a oeste. Esta divisão é uma herança de quando a Ucrânia fez parte da União Soviética, um passado que para parte dos ucranianos deve ser deixado para trás. Para entender mais sobre esse assunto, leia o artigo “Entenda tudo sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia“.
Em meio a padres da igreja católica ortodoxa, babushkas (avós eslavas) com seus lenços cobrindo suas cabeças, ativistas e jovens com perspectivas de um dia integrar a União Europeia, estavam os neonazistas ucranianos, que enxergavam na aproximação com a Rússia um resgate do passado soviético.
Vale lembrar que durante a invasão nazista da Ucrânia na 2ª Guerra Mundial, alguns ucranianos contrários ao domínio soviético se aliaram aos nazistas. Um dos grandes líderes da aliança entre ucranianos e nazistas foi Stepan Bandera.
Em uma análise quadro a quadro do documentário é possível ver um manifestante usando um echarpe com a imagem de Stepan Bandera. Fora isso, todas as referências ao neonazismo são omitidas.
Além dos grupos neonazistas, foram ignorados no documentário alguns dos representantes de alto escalão dos Estados Unidos, como os senadores John McCain e Chris Murphy, que dividiram o palanque com Oleh Tyahnybok, líder do partido de extrema-direita ultranacionalista Svoboda.
Além dos senadores, outros altos funcionários do governo dos EUA também participaram das manifestações, como foi o caso da Secretária de Estado Victoria Nuland e do embaixador dos EUA na Ucrânia, Geoffrey Pyatt.
Nuland e Pyatt tiveram suas conversas telefônicas vazadas, onde expunham planos para a Ucrânia pós-derrubada de Yanukóvytch, antes mesmo dela acontecer. Na conversa, já se pensava em um provável ministro, a adesão da Ucrânia na União Europeia e a dúvida em apoiar a entrada do ex-boxeador e atual prefeito de Kiev, Vitaly Klitschko, para a política.
O envolvimento dos Estados Unidos na política ucraniana não ocorreu apenas durante o Euromaidan. Já no governo de Petro Poroshenko, sucessor de Yanukóvytch, o então vice-presidente dos Estados Unidos Joe Biden, alegou conversar mais com o presidente da Ucrânia do que com sua própria esposa.
Hunter Biden, filho do presidente Joe Biden, trabalhou com consultor em uma empresa de energia ucraniana, a Burisma.
O diretor do documentário, Evgeny Afineevsky, nascido na União Soviética, em nenhum momento escondeu sua falta de imparcialidade na narrativa, inclusive, afirmou excluir pontos de vista alternativos como o dos manifestantes anti-Maidan no leste da Ucrânia. O diretor tentou argumentar sua decisão com a seguinte fala: “Sou um cineasta, não um jornalista”.
É impossível compreender todo o contexto que levou a derrubada de Yanukóvytch e a atual invasão russa à Ucrânia sem analisarmos todos os fatos e personagens que participaram dos protestos do Euromaidan.
Os grupos neonazistas, além de encabeçar grande parte da violência no Euromaidan, passaram a ter grande legitimidade nos governos que sucederam Yanukóvytch. Um grande exemplo disso é a milícia neonazista conhecida como Batalhão Azov, que foi incorporada ao Exército ucraniano na luta contra os separatistas no leste da Ucrânia.
Com a extrema-direita ultranacionalista no poder, até a língua russa falada no leste do país foi ameaçada. Com uma propaganda de descomunização da Ucrânia, em referência à eliminação do que consideram resquícios do comunismo soviético, os radicais da extrema-direita conseguiram aprovar a mudança de nome de uma das principais avenidas de Kiev. A antiga avenida Moscou, passou a se chamar avenida Stepan Bandera.
Na Primavera Árabe, o Ocidente construiu a narrativa da luta pela liberdade e democracia, e passados 10 anos, muitos dos países deste episódio ainda se encontram envolvidos em conflitos ou sob o comando de ditaduras piores que as antecessoras. Com o Euromaidan, não foi diferente, pelo menos para aqueles que não apoiaram as manifestações.
Não é com a ascensão de movimentos neonazistas ao poder que os ucranianos poderão desfrutar de um modelo de governo e sociedade diferentes de seu passado soviético, ou mesmo da Rússia de Vladimir Putin. Ignorar estes movimentos e a interferência dos Estados Unidos como fez Winter on Fire, é ignorar os tão defendidos princípios ocidentais da liberdade e democracia.
Uma alternativa ao Winter on Fire que ajuda a compreender em detalhes os protestos do Euromaidan é o documentário de nome parecido, Ukraine on Fire, dirigido por Igor Lopatonok com a produção do cineasta norte-americano Oliver Stone. Entre a narrativa de Winter on Fire e os fatos de Ukraine on Fire, infelizmente a academia de cinema resolveu escolher o primeiro para a premiação do Oscar.
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