Filme “O Abismo” da Netflix e o desastre em Maceió
A história do filme “O Abismo” “O Abismo” é um filme sueco disponível na Netflix, inspirado na história ocorrida na
As fortes chuvas que estão ocorrendo principalmente no Sudeste e Nordeste, regiões que possuem grandes aglomerados resultantes de uma urbanização desordenada, mostram os problemas de sempre: seus fortes impactos sociais e econômicos.
Desde meados do segundo semestre de 2021 até o inicio de 2022, acompanhamos em diversas localidades as fortes chuvas, passando pela Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Maranhão, Rio de Janeiro e mais recentemente no Estado de São Paulo, que até o momento deixou dezenas de mortos e centenas famílias desabrigadas.
Esses estados tem em comum um grande índice pluviométrico, grandes áreas de encostas e/ou várzeas e cidades não planejadas com populações vulneráveis vivendo em áreas de risco, que tem como resultado um grande desastre social e econômico, causando mortes, deixando famílias desabrigadas e com um futuro incerto.
Os deslizamentos e alagamentos são recorrentes no período do verão, mas, no decorrer do tempo, sua intensidade vem aumentando. A frequência cada vez maior de fortes chuvas em um curto espaço de tempo, coloca em xeque as ações de vários órgãos públicos em locais de grande vulnerabilidade, como encostas de morros e várzeas, as mais prejudicadas nestes eventos.
Segundo o INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), de 2010 a 2019, os danos materiais de eventos como enxurradas, chuvas intensas, alagamentos e inundações superam os R$30 bilhões. Neste período, mais de 1700 pessoas morreram, 50 mil ficaram feridas, 1.374 desaparecidas e mais de 3 milhões de desabrigadas.
Com as mudanças climáticas e o aumento do número de pessoas em situação de vulnerabilidade social no Brasil, a expectativa é de que nos próximos anos o prejuízo e o número de pessoas afetadas aumentem, caso não sejam tomadas medidas para sanar o déficit habitacional e retirar populações de áreas de risco, que hoje totalizam 8,3 milhões de brasileiros.
É comum os meios de comunicação abordarem os impactos causados pelas fortes chuvas como um fenômeno puramente climático, como pode ser observada no título da notícia do site Valor Econômico: “Clima causou perda de R$ 168 bi no país em uma década”. O título apresenta uma abordagem determinista, atribuindo a culpa das perdas, no caso apenas a econômica, ao clima.
Apesar dos impactos socioeconômicos terem como fator as fortes chuvas que ocorrem no verão, é a falta de organização no desenvolvimento das cidades, principalmente nos grandes centros urbanos, que esses problemas surgem.
Cidades resultantes de uma urbanização desordenada, que são regra no Brasil, estimularam o assentamento de populações em aglomerados subnormais localizados áreas de risco. Em decorrência da vulnerabilidade social e pela falta de políticas públicas do Estado para o acesso a moradias de qualidade, muitos cidadãos recorrem a esses locais de risco e são os que mais sofrem com os impactos das fortes chuvas.
Sendo assim, é importante uma maior estruturação nas cidades, o que não é um trabalho fácil, mas necessário, para mitigar os impactos das chuvas e evitar mais mortes principalmente em áreas de risco. E se populações já afetadas retornarem para os mesmos espaços, será uma questão de tempo para tais eventos ocorrerem novamente. Não há progresso de uma nação onde indivíduos tenham que temer pelas suas vidas a cada verão.
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