Filme “O Abismo” da Netflix e o desastre em Maceió
A história do filme “O Abismo” “O Abismo” é um filme sueco disponível na Netflix, inspirado na história ocorrida na
Nos primeiros dias de 2022 tivemos uma nova tragédia em Minas Gerais, agora na cidade turística de Capitólio, que possui como atrativo seu lindo canyon alagado pela represa de Furnas.
Os vídeos que inundaram as redes sociais registram uma torre de 40 metros de quartizito caindo sobre lanchas cheias de turistas. São cenas aterrorizantes.
O que aparenta ser um desastre natural consequência de uma erosão, na verdade, está ligado ao descaso do poder público com a fiscalização e monitoramento das escarpas rochosas.
O bloco rochoso pesando toneladas que se desprendeu da escarpa no canyon de Capitólio não ocorreu de forma imprevisível e muito menos necessitava de um rigoroso relatório geotécnico para ser previsto.
A rocha que se desprendeu estava separada por uma fratura que podia ser identificada a olho nu, como foi feito há 10 anos atrás por um turista que publicou em sua rede social que a “pedra” corria o risco de cair.
O quartizito que é a rocha do canyon de Capitólio, é uma rocha metamórfica que deriva de uma rocha sedimentar, o arenito. Apesar de ter características diferentes do arenito, o quartizito preserva características de sua rocha de origem (protólita), como a porosidade.
Após submetida a uma alta pressão e temperatura que ocorre em camadas mais profundas da Terra, o arenito se metamorfoseia em quartizito. Nesse processo até sua exposição na superfície, a rocha adquire fraturas como as vistas na imagem.
Essas fraturas associadas ao longo período de chuvas que acumularam águas nas fendas e nas camadas herdadas do arenito sedimentar com diferentes tipos de resistência, aumentaram o peso da rocha.
Além disso, o volume de água na represa havia aumentado repentinamente por conta de uma cabeça d’água, que provocou um turbilhonamento das águas e consequentemente uma vibração nas rochas das camadas inferiores que solaparam, e cederam com o peso do acúmulo de água.
Essa é a dinâmica de um processo natural de erosão, porém, a tragédia não pode ser associada apenas a causas naturais.
Como visto anteriormente, a fratura que desprendeu a rocha da escarpa era visível e não faltaram detalhes técnicos a respeito dos riscos de desprendimento de estruturas rochosas.
A falta de monitoramento destas estruturas e da fiscalização de empresas de aluguel de lanchas com relação a proximidade da escarpa e do uso de equipamentos de segurança como o colete salva vidas, são os principais responsáveis pela tragédia.
O estado de Minas Gerais vem convivendo nos últimos anos com inúmeras tragédias como a de Mariana e de Brumadinho e todas elas apontam para o descaso do poder público e a ausência de um Estado que garanta segurança a sua população.
Na linha ideológica neoliberal do governador Zema, o Estado encontra-se inchado, ou seja, é preciso se desfazer dele e deixar o controle nas mãos da iniciativa privada. Com base nesses episódios, será essa realmente a solução?
Minha solidariedade aos familiares das vítimas dessa tragédia.
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