É isso mesmo que você leu no título desta postagem. Estamos cansados de ouvir nas aulas de matemática que a menor distância entre dois pontos é uma reta, mas essa afirmação só se torna verdadeira em um espaço plano. Quando nos referimos a um espaço tridimensional, essa realidade muda.

No mapa abaixo que utiliza projeção cilíndrica de Mercator, assim como a maior parte dos mapas que utilizamos no nosso dia a dia (Google Maps, Waze, etc.), foram traçadas 3 rotas de Montevidéu no Uruguai a cidade do Cabo na África do Sul, cidades que estão praticamente na mesma latitude.

Mapa das rotas entre a Montevidéu (Uruguai) e Cidade do Cabo (África do Sul) na projeção de Mercator.

Batendo o olho no mapa de cara pensamos: “a menor rota entre Montevidéu e Cidade do Cabo é a rota B, pois se trata de uma reta”. É aí que nos enganamos!

Mapas são representações gráficas da Terra em superfícies planas, a partir de uma visão vertical. Porém, ao representar a Terra com seu formato esférico e com os polos achatados em uma figura plana, ocorrem distorções, que variam de acordo com a projeção utilizada.

No caso da projeção de Mercator, elaborada em 1569 com a finalidade de ajudar os navegantes, os paralelos e meridianos se cruzam para formar ângulos retos (90º), permitindo que uma linha traçada entre dois pontos no mapa tivesse o mesmo ângulo obtido através com uma bússola.

As distorções assim, são maiores na direção dos polos, provocando um aumento nas áreas continentais quanto maior for a latitude, é por isso que temos a impressão de que a Groenlândia é muito maior que o Brasil, quando na verdade temos uma área 4 vezes superior.

Enfim, qual das rotas então é a menor?

Levando em consideração as distorções provocadas pela projeção de Mercator, a rota A que está em uma latitude menor que as outras, possui uma menor distorção, e portanto, se aproxima mais da realidade. Essa rota portanto é a maior, possuindo 7094 km. Já a rota B, que a princípio muitos acham que é a correta, possui 6727 km, enquanto que a rota C, possui 6688 km, ou seja, a rota C é a menor!

Por que isso ocorre? A rota C no mapa da projeção de Mercator é a mais distorcida pois é a que possui maior latitude, sendo a menos próxima da realidade. Imagine que para formar um mapa-múndi na projeção cilíndrica de Mercator, a Terra foi “aberta” como uma laranja, e seus “gomos” foram enfileirados, onde os espaços entre um gomo e outro foram preenchidos. É aí que temos a distorção. Esse “preenchimento” na realidade não existe, e a rota C, está na parte inferior, que no caso tem o menor tamanho do “gomo”.

Mapa das rotas de Montevidéu a Cidade do Cabo na projeção de Mercator com a sobreposição dos “gomos”.

Observe essas rotas reprojetadas em um globo, que é a representação mais próxima da realidade, mas não livre de distorções. Perceba que a rota C assume uma outra posição.

Rotas entre Montevidéu (Uruguai) e Cidade do Cabo (África do Sul) projetadas em um globo.

Vamos ver essa situação na prática

No mapa abaixo, esta representado a rota do voo que saiu de Istambul na Turquia com direção a Nova Iorque nos Estados Unidos. Ambas as cidades se encontram praticamente na mesma latitude. Repare na trajetória do avião destacado no mapa.

Trajetória do voo saindo de Istambul na Turquia para Nova Iorque nos Estados Unidos. Fonte: Flight Radar 24.

O que vale para o hemisfério Sul vale para o hemisfério Norte também! A menor rota em um mapa da projeção de Mercator é aquela que está mais próxima das áreas mais distorcidas do mapa.

Entendeu agora? Qualquer dúvida, utilize os comentários abaixo!

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