O filme “Lion – Uma jornada para casa” retrata a história real do garotinho indiano Saroo, de apenas 5 anos de idade, que se perde do seu irmão em uma estação de trem sendo levado para Calcutá,no delta do rio Ganges, região conhecida como “formigueiro humano”.
A uma distância de 1600 km de sua casa no 2º país mais populoso do mundo e o 7º maior em extensão territorial, não sabendo pronunciar corretamente o nome de sua cidade e desconhecendo o nome de sua mãe, Saroo é incompreendido pela população local que fala a língua bengali, enquanto que ele utiliza a língua hindi.
Após meses enfrentando sérias dificuldades, é levado até um problemático orfanato onde conta com o apoio de uma assistente social, que acaba frustrando as esperanças de Saroo em encontrar sua família. A assistente começa a lhe preparar para ser adotado por uma família australiana, ensinando a língua inglesa (uma das línguas oficiais da Índia) e regras de etiqueta.
Depois de ser adotado pela família australiana, e no caminho até sua nova casa, é inevitável a comparação das paisagens entre Índia e Austrália, duas antigas colônias inglesas que tiveram destinos muito diferentes. A primeira, uma colônia de exploração, teve sua independência em 1947, enquanto a segunda, colônia de povoamento, teve sua independência em 1901.
As condições socioeconômicas da família de Saroo na Índia eram precárias, vivendo em uma casa pequena que dividia com sua mãe e seus dois irmãos. A mãe de Saroo era analfabeta e carregava pedras para garantir o sustento da família. O irmão mais velho de Saroo ajudava a complementar a renda, muitas vezes levando-o para ajudar.
Já na Austrália, passa a viver no estado da Tasmânia, em uma casa enorme com vista para o mar, fartas refeições, televisão e desfrutando de passeios no barco de sua nova família. Uma realidade completamente diferente da que vivia na Índia.
Passados 20 anos, Saroo se muda para Melbourne para fazer faculdade e ali conhece alguns amigos com descendência indiana. Ao participar de uma festa de seus novos amigos, Saroo sente o cheiro de um doce popular na Ásia Meridional, o jalebis, resgatando em sua memória as paisagens por onde percorreu sua infância, relembrando seu lugar, ou seja, seu espaço de vivência e de afeto.
Ao contar sua história para os amigos, eles sugerem que ele faça uma busca no Google Earth, calculando a distância que havia percorrido conforme a velocidade e os dias que passou preso no trem. A partir daí, se aventura em uma busca por sua família indiana, evidenciando as marcas deixadas pelo seu passado.
Após anos em uma procura incessante que o faz se afastar de seu emprego, família e sua namorada, que levanta a dúvida de que “com o passar do tempo as coisas mudam, mundos inteiros mudam”. As paisagens estão em constante transformação pelas atividades humanas, principalmente no atual mundo globalizado. Porém, para as regiões mais pobres da Índia, as mudanças pouco acontecem ou caminham de maneira muito lenta, não sendo um obstáculo para Saroo.
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